O Projeto Manhattan
No
dia 6 de agosto de 1945 caia sobre a cidade japonesa de Hiroshima a primeira
bomba atômica lançada no mundo. A chamada Little Boy. Ela era resultado, porém,
de um Projeto muito maior.
O Projeto Manhatan foi organizado pelo
governo estadunidense. Ele iniciou-se em 1941, com o desejo de superar a
Alemanha. Os Estados Unidos acreditava que esse país estava em posse de armas
nucleares.
Esse programa secreto, que levou ao
desenvolvimento das bombas atômicas, foi dirigido pelo físico J. Robert
Oppenheimer.
Entretanto, duas bombas foram feitas. No dia
9 de agosto de 1945 caia sobre outra cidade japonesa uma nova arma nuclear,
dessa vez em Nagasaki. Ela fora apelidada de Fat Man.
A maioria das pessoas conhece esse fato. Mas,
principalmente, as pessoas que vivem ainda hoje em Hiroshima e Nagasaki
lembram-se do que houve há 70 anos. O que houve naqueles dias é, de fato,
inesquecível. É mais fácil lembrar que milhões de pessoas morreram. Contudo é
difícil pensar na vida dos que sobreviveram às bombas.
Toda a população das cidades sofreu as
consequências do Projeto Manhatan. E o resto do mundo deveria conhecer as
mesmas e refletir sobre o impacto que elas exercem sobre suas vidas.
Esse artigo tem como objetivo citar as consequências
do Projeto Manhatan para as cidades, mostrar como as pessoas passaram a viver
após as bombas e o que a radioatividade trouxe para a vida cotidiana dos
sobreviventes.
A
PROPAGAÇÃO DA RADIAÇÃO
As
duas Bombas Atômicas, tanto em Hiroshima quanto em Nagasaki, explodiram no ar.
Os cálculos feitos diziam que, se as bombas explodissem no chão, causariam
estragos somente na área que ela caísse. Mas, se explodisse no ar, a radioatividade
iriam se expandir e os efeitos seriam sentidos em uma área maior.
No dia 6 de Agosto de 1945, a bomba
apelidada de Little Boy, cuja tradução seria “garotinho”, explodiu em Hiroshima
a 580 metros de altura e não formou nenhuma cratera. Todavia formou-se uma
grande bola de fogo no céu, com uma temperatura de aproximadamente 300 mil
graus Celsius, que gerou uma nuvem de fumaça em formato de cogumelo.
Estima-se que
tenham morrido nesse dia mais de 140 mil pessoas. Porém, os efeitos que se
propagaram com a explosão fez com que os que sobreviveram à explosão sofressem
os efeitos da radioatividade.
O patologista
americano Harry Muller, pertencente a uma equipe de investigação após a guerra,
fez o seguinte relato: “Junto com o
clarão de luz houve uma instantânea onda de calor [...] sua duração foi
provavelmente de um décimo de segundo, mas sua intensidade foi o suficiente
para que objetos inflamáveis mais próximos [...] ficassem em chamas, os postes
fossem lançados a 4 mil jardas (3568 metros), o granito se enrugasse, a uma
distância de 1300 jardas (1189 metros) de distância.”
Depois de 20 a 30
minutos da explosão, a poeira e a fuligem espalhadas no céu de Hiroshima
começaram a cair em forma de chuva sobre a cidade. Essa chuva atingiu um raio
de 29 quilômetros, a partir do hipocentro, soltando todo o material radioativo
que havia explodido no ar.
A temperatura na
cidade despencou drasticamente, e as pessoas sobreviventes tremiam de frio em
pleno verão. Muitos beberam aquela chamada chuva negra concluindo que fosse uma
chuva normal, e a radiação presente nela gerou efeitos catastróficos.
Em consequência
desta chuva negra, os peixes em tanques e rios morreram, a vegetação
encontrava-se devastada e por onde ela tenha caído grandes tragédias foram o resultado.
Após três dias, no
dia 9 de Agosto de 1945, uma nova bomba foi lançada contra o Japão, na cidade
de Nagasaki, sendo esta mais forte do que foi a bomba de Hiroshima. Ela era
chamada Fat Man, que significa “homem gordo”.
As bombas receberam
esses nomes, Little Boy e Fat Man, devido ao formato delas.
A bomba não tinha
como alvo a cidade de Nagasaki, mas sim uma cidade vizinha. Contudo a bomba era
mais pesada que a usada três dias antes e o avião que a lançaria estava ficando
sem combustível, e por essa razão tiveram de lança-la o mais imediatamente
possível, errando assim o alvo original e também a cidade de Nagasaki, pois ela
explodiu em um vale.
A explosão ocorreu
a 600 metros de altura para maximizar os danos que a bomba causaria devido ao
tempo ruim, já que não ocasionaria o mesmo efeito. Não houve tempestade de
fogo, mas uma terrível destruição.
Devido à topografia
de Nagasaki, localizada entre montanhas, os maiores efeitos de irradiação da
bomba forma impedidos. Contudo, mais de 40 mil pessoas morreram e ainda outras
milhares em consequência da radiação das bombas.
Muitas superfícies
mantiveram a marca de, por exemplo, pessoas, construções, etc. Isso ocorreu
devido ao calor e a força da explosão. Essas marcas são denominadas “sombra
nuclear”. Esses casos ocorreram após as explosões das duas bombas.
Ambas as
exemplificações dos acontecimentos demonstram o desejo de atingir o máximo de
pessoas possíveis. As pessoas que sobreviveram receberam grandes efeitos
radioativos, além dos traumas que as explosões causaram em suas memórias.
A
POPULAÇÃO
“Uma bomba atômica é
descontrolada, não tem limites, é um suicido coletivo. As pessoas que morrem no
local podem até evaporar. O impacto térmico . Elas também podem morrer ao serem
lançadas Vamos supor que caia uma bomba atômica em Seul, na Coreia do Sul.
Podem morrer 100 mil pessoas de uma só vez. Tudo que sobrar ficará contaminado.
Não só lá, mas em toda a Terra.” Adonis Marcelo Salib,
pesquisador em tecnologia nuclear do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares).
O lançamento das bombas foi um dos maiores
crimes de guerras já ocorrido na história da humanidade. Aviões estadunidenses
armados com bombas de potências nucleares atacaram umas das cidades mais
populosas do Japão. Hiroshima foi atingida e isso decretou a morte de 150 mil
japoneses, sendo 130 mil civis e 20 mil militares.
Porém, o terror não parou. Apenas 3 dias
depois Nagasaki foi atingida por uma outra bomba de grande poder nuclear. A
bomba matou aproximadamente 175 mil habitantes.
De acordo com Peter Scowen, o exército
japonês enviou um fotógrafo, Yosuke Yamahata, para fotografar Nagasaki após o
bombardeio. E ele pode perceber o quanto as bombas causaram consequências
grandiosas. Viu mães amamentando crianças em condições deploráveis, queimadas e
assustadas.
As pessoas que sobreviveram ao ataque direto
das bombas, que são chamas no Japão de Hibakushas, passaram a sofrer com
questões psicológicas. A perda de seus familiares, amigos e conhecidos não
seria algo fácil para cada um deles.
Mães perderam seus filhos, crianças ficaram
órfãs, irmãos foram separados e amigos foram perdidos, por causa de uma
insaciável sede de vingança dos Estados Unidos pelo ataque que sofreram em
Pearl Harbor.
Há depoimentos de pessoas que se arrependeram
por não ter salvo as pessoas que pediam socorro devido ao sentimento de
assombro e medo. Outros em que escolas, onde estudavam dezenas de crianças,
foram completamente destruídas e apenas poucos sobreviveram.
Após esse terrível ataque, o Japão
completamente destruído se rendeu perante os Estados Unidos na guerra. Todo o
Japão sofreu com as perdas de suas populações. Tamanha violência sofrida por
Hiroshima e Nagasaki chocou e ainda choca o mundo.
Com o tamanho dos estragos, a maioria dos
países com medo de ataques semelhantes assinou um Tratado onde não perderiam
fabricar armas de poderio nuclear.
AS
DOENÇAS
Infelizmente não aconteceram apenas problemas
emocionais nas pessoas. Não foi apenas algo que não sairia da mente delas. Algo
mais grave aconteceu aos Hibakushas, sobreviventes da bomba.
Grande parte dos sobreviventes foi
atingida pela radiação emitida pela bomba. Isso provocou a morte lenta e
dolorosa de milhares de japoneses. A radiação atingiu as células humanas e
acabou ocasionando o mau funcionamento delas, desencadeando graves problemas.
Os efeitos dependem da quantidade de material
radioativo que os tecidos absorvem e o quão profundo ela penetra. Se a
penetração for a um grau mais baixo, pode causar náuseas e vômito. Outros
efeitos causados e que são considerados menos graves são as queimaduras na
pele.
Os efeitos considerados mais graves são
aqueles denominados somáticos. Esse poderia ser exemplificado pelo consumo da
chuva negra. São causados quando a penetração dos raios é mais forte e também
quando a pessoa está sujeita a ela por um longo espaço de tempo.
Nesse tipo de caso, são registradas doenças
mais graves. Houve entre os sobreviventes da bomba diversos casos de pessoas
com câncer, devido à alteração nas células, esterilidade e outros registros
ainda mais graves como mutações genéticas.
Além dos problemas causados pela radiação em
si muitas pessoas sofreram com a situação de serem atingidas pelos estilhaços
de vidro vindo dos prédios que caíram e com os soterramentos em função da queda
dos mesmos. Isso causou ferimentos graves e um maior sofrimento para as
vítimas.
Isso mostra como não somente os mortos foram
as vítimas da bomba atômica, mas também quem se manteve de pé.
AS
MUTAÇÕES
As mutações genéticas (ou gênicas) são alterações
que ocorrem no DNA, no material genético. Essas mutações são hereditárias, ou
seja, passam de pai para filho. As mutações por radiações são muito raras.
As mais frequentes foram registradas pela
radiação que permanecia no solo japonês após o lançamento das bombas, que
ocorreu com plantas e animais. Em seres humanos não houve mudança de forma.
A liberação de radiação pelas bombas atômicas
nas cidades de Hiroshima e Nagasaki acabou induzindo uma espécie de mutação no
material genético se algumas pessoas atingidas pela radiação da bomba.
Quando ela entra em contato com um tecido
biológico (à exemplo do DNA) acaba resultando em um grande número de
ionizações. Os átomos perdem elétrons que passam a se mover cada vez mais
rápido. Esses elétrons carregam negativamente outros átomos, tonando-se íons.
Isso tudo resulta em cadeias de íons, que
precisam ser neutralizados. As mutações são resultados das reações químicas
quando esses íons finalmente tornam-se neutros.
Cada caso de mutação decorrente da radiação das
bombas atômicas acarretou problemas para os descendentes futuros dessas
pessoas. A principal forma de mutação registrada foram as deformações nos
corpos. Mas os descendentes dessa geração sofreram com doenças como a Síndrome
de Down e outros problemas cerebrais.
Percebe-se que não foram apenas as pessoas
que viveram na época que sofreram com os efeitos, mas as gerações futuras
também. São grandes e complexas as consequências da radiação.
HIROSHIMA
E NAGASAKI HOJE
Há em Hiroshima o chamado Memorial da Paz (também chamada de Cúpula
da Bomba Atômica). O prédio era originalmente a sede da Exposição Comercial da
Prefeitura de Hiroshima, construída em 1915.
Quando a cidade foi reconstruída,
os governantes decidiram manter essa construção do modo que estava, em 1966. E
assim, a Cúpula Genbaku foi transformada em um Memorial da Paz. Porém só em
1996 ele foi transformado em Patrimônio Cultural.
Entre os japoneses, a tragédia
nunca foi esquecida. O memorial é prova disso. Mas no mundo a tragédia só
ganhou importância quanto aos números de mortos. As pessoas que ficaram vivendo
nas cidades não são lembradas.
O grupo, após diversas pesquisas,
concorda que são necessárias análises e um maior conhecimento sobre o assunto,
pois este não deveria ser esquecido. Deveria ser como um memorial em nossas
vidas. Para que isso nunca mais se repita.
Em frente a Cúpula da Bomba
Atômica há uma tocha acesa. Para os japoneses, ela só será apagada quando a
última bomba atômica no mundo for destruída. Isso nos fez refletir.
Nós não precisamos de mais
cidades como Hiroshima e Nagasaki. Nem de construir mais memoriais. Isso não
será necessário se tivermos a consciência do que o projeto Manhatan trouxe como
consequência.
BIBLIOGRAFIA
http://www.coladaweb.com/historia/bomba-de-hiroshima-e-nagasaki
http://viagemnaguerra.blogspot.com.br/2012/11/mutacoes-geneticas.htmlhttp://noticias.r7.com/saude/para-sobreviventes-de-bomba-atomica-consequencia-pode-ser-cancer-osseo-com-dor-insuportavel-10042013http://www.infoescola.com/japao/memorial-da-paz-de-hiroshima/http://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/hiroshima-e-nagasaki-bombas-e-terror.htm
http://pt.slideshare.net/mriosecopais/hiroshima-y-nagasaki-1811002?related=1
http://www.megacurioso.com.br/guerras/44925-11-fatos-sinistros-sobre-o-desastre-e-os-sobreviventes-de-hiroshima.htm
http://www.culturajaponesa.com.br/?page_id=274
http://noitesinistra.blogspot.com.br/2014/09/as-sombras-de-hiroshima.html#.VblL2_lViko
http://www.megacurioso.com.br/guerras/44925-11-fatos-sinistros-sobre-o-desastre-e-os-sobreviventes-de-hiroshima.htm
http://www.culturajaponesa.com.br/?page_id=274
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